Dormir bem para cuidar melhor do coração

Em 2022, o sono passou à condição de fator essencial à saúde do sistema cardiovascular. Trata-se de uma nova diretriz da Associação Americana do Coração (AHA American Heart Association), após análises em mais de 2 mil artigos científicos produzidos em um período de 12 anos. A entidade, responsável por investigar cuidados para mitigação dos indicadores de óbitos e incapacidades resultantes das doenças coronarianas e acidentes vasculares cerebrais, atualizou para 8 o número de medidas fundamentais à preservação da boa condição cardiovascular. Além de qualidade e tempo de sono, novo na lista, alguns fatores já conhecidos: alimentação balanceada, atividade física regular, não exposição ao fumo (inclusive passivo), controle do IMC, baixos níveis de colesterol não HDL, controle da glicemia e combate à hipertensão arterial. Portanto, dormir bem e pela quantidade de horas adequada ao completo repouso é bom para coração e artérias, não há como negar.

Sono de boa qualidade

O sono de boa qualidade promove descanso imprescindível à saúde do sistema cardiovascular, foi a conclusão a que chegaram os pesquisadores responsáveis pelos estudos que fundamentaram a decisão da AHA. O comprometimento deste repouso torna as paredes arteriais mais rígidas, aumentando sua resistência ao bombeamento de sangue. Durante o descanso noturno, as variações no ritmo cardíaco correspondentes aos diferentes estágios do sono contribuem para prevenir a isquemia miocárdica, redução do fluxo sanguíneo para o coração. Pessoas que dormem regularmente menos de 6 horas por noite ou sofrem interrupções do sono com grande frequência podem ter o risco de hipertensão arterial aumentado em até 5 vezes, contribuindo para o principal fator de desencadeamento de doenças cardiovasculares crônicas.

Liberação dos hormônios

A baixa qualidade do sono está diretamente ligada à liberação dos hormônios noradrenalina e cortisol, substâncias presentes nas respostas físicas às situações de estresse: estado de alerta, aumento no ritmo cardíaco, vasocontrição, liberação de glicose no sangue para fornecimento de energia de uso imediato, interrupção da síntese de proteínas. Os níveis de grelina e leptina, substâncias de controle do apetite e saciedade, também são afetados, induzindo ao consumo mais intenso de alimentos, notadamente gêneros que podem facilmente ser convertidos em energia. As reações aqui descritas são maléficas ao sistema cardiovascular, quando o quadro se mantém por longo período. Hipertensão e elevação da glicemia são consequências imediatas deste cenário. A queda na síntese proteica e a ingestão de alimentos calóricos contribuem para um terceiro fator de risco das doenças cardiovasculares: o descontrole do IMC índice de massa corporal. A privação de sono costuma agravar quadros de estresse, ansiedade e depressão, doenças psíquicas com implicações físicas que também afetam a saúde cardiovascular.

8 ações para reduzir o risco de doenças cardiovasculares

Com a recente revisão, são estas as 8 ações voltadas a reduzir o risco de doenças cardiovasculares, orientadas pela Associação Americana do Coração: alimentação diversificada e com ênfase em itens não processados; atividade física regular por no mínimo 150 minutos semanais; evitar o fumo, inclusivamente na condição passiva; manutenção do IMC índice de massa corporal; baixos níveis de colesterol não HDL; controle da glicemia; combate à hipertensão arterial; sono de qualidade, por período mínimo de 7 horas. Segundo a AHA, cumprir 4 das 8 medidas propostas pode reduzir em até 55% o risco de morte por doenças coronarianas ou acidentes vasculares cerebrais. Comece por dormir bem e pelo tempo adequado, invista em higiene do sono e procure auxílio profissional, se necessário. Tenha certeza que irá facilitar a adoção dos demais hábitos saudáveis propostos pelos especialistas.

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