Sono, raciocínio e declínio cognitivo

Sono, raciocínio e declínio cognitivo

Alta performance e conectividade máxima parecem ser as diretrizes do século XXI. Vivemos em ritmo frenético, atentos aos movimentos registrados nos nossos aparelhos de comunicação, buscando constantemente meios de melhorar nosso desempenho e elevar produtividade. As horas dedicadas ao descanso são frequentemente sacrificadas, em benefício da produção e do alcance de resultados superiores. É atribuído ao famoso empresário e inventor Thomas Edison um comentário sobre a época em que o sono se tornaria supérfluo, de maneira que a sociedade, impulsionada pelo progresso, produziria em tempo integral. Mas será que estamos mesmo mais produtivos como pensamos? Será que o sacrifício das horas de repouso está mesmo surtindo efeitos na nossa capacidade de trabalhar mais e melhor?

Recentemente, a OMS divulgou um relatório sobre saúde mental, contendo dados que no mínimo merecem reflexão: 600 milhões de pessoas no mundo com transtorno de ansiedade ou depressão, principais causas de incapacidade profissional temporária. Acidentes de trabalho e acidentes no trânsito provocados por fadiga decorrente da privação de sono já matam mais que os provocados por consumo de bebidas alcoólicas. Doenças crônicas agravadas por distúrbios do sono incapacitam milhões de trabalhadores todos os anos. E para reforçar as evidências de que nossa busca por maior produtividade não tem sido assim tão bem-sucedida, trouxemos os resultados de algumas pesquisas que indicam prejuízos ao raciocínio resultantes da privação de sono. Quem pensa que ficar acordado é a solução para trabalhar mais, pode estar produzindo menos e destruindo a saúde.

Falta de sono: o que afeta?

Resultados de pesquisa divulgados na revista científica Nature Aging indicam que o sono com duração inferior a 7 horas afeta, no curto prazo, capacidade de concentração, memória e processamento mental de informações. No longo prazo, provoca declínio cognitivo. A regularidade no sono beneficia a conectividade da chamada “rede de modo padrão do cérebro”, integrada por setores de grande atividade nos períodos de vigília, raciocínio intenso e processos cognitivos avançados. Córtex cingulado posterior, lobos parietais e córtex frontal são algumas dessas zonas cerebrais beneficiadas. O sono com duração curta afeta a rede de modo padrão do cérebro e prejudica, por exemplo, a capacidade de tomar decisões ou executar tarefas não rotineiras baseadas em conteúdos previamente memorizados. Com o passar dos anos e mantida a irregularidade do repouso, declínio cognitivo e até transtornos psiquiátricos. Em resumo, produza o máximo que puder, mas quando parar, que seja por 7 horas pelo menos.

Resultados de uma segunda pesquisa, esta divulgada na revista científica Sleep, sugerem que sono curto ou excessivamente interrompido afeta raciocínio e capacidade de comunicação. 40 mil voluntários, distribuídos em diferentes países, responderam um extenso questionário e séries de testes online, para avaliação de raciocínio lógico, memória de curta duração e habilidades de comunicação. Os participantes que dormiam 7 a 8 horas por noite tiveram desempenho significativamente melhor. Metade dos participantes na pesquisa, muitos com resultados inferiores, dormiam em média 6 horas por noite.

No cérebro, células chamadas micróglias são responsáveis pela eliminação de agentes agressores e células defeituosas, como se constituíssem um sistema imunológico particular. Há também os atrócitos, outro conjunto de células de apoio que desfaz sinapses inativas, mas ainda presentes entre os neurônios, permitindo que novas sinapses, ou seja, novas conexões sejam constituídas e viabilizem as operações cerebrais. Micróglias e atrócitos atuam regularmente enquanto dormimos, promovendo uma limpeza benéfica ao sistema nervoso central. O problema é que a privação de sono pode não apenas comprometer a ação dessas células como fazê-las trabalhar contra a saúde. Em estudo recente publicado no periódico Nature Neurosciense, pesquisadores indicaram a suspeita de que o repouso irregular pode estimular as micróglias a atacar células saudáveis e substâncias não nocivas, assim como os atrócitos afetariam sinapses ativas importantes. Os malefícios não seriam diferentes do exposto acima: processamento mental prejudicado, no curto prazo; na maturidade, declínio cognitivo e possíveis distúrbios psiquiátricos.

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